Mais um dia em Firenze

Continuando o último post, acordamos, e fomos tomar café da manhã para irmos novamente até o centro de Firenze. Ir de carro já não era mais uma opção e, sim, uma decisão!

Programamos o GP para o Parcheggio (estacionamento) Mercato Centrale (o mesmo do dia anterior) e lá fomos nós com toda a tralha. Isso era umas 11h20, mas já esperávamos chegar em Firenze umas 3 da tarde, com o nosso GP sempre nos levando nos lugares certos – lembrem-se que estávamos só há 1,5km do centro!!!

Uma pequena observação: o estacionamento do Mercado Central funcionava 24 horas, mas os valores eram assim: das 7h00 às 14h00 a primeira hora era 2 euros, a segunda era 3 euros e a terceira, 8 euros (!!!), depois disso, a hora adicional era 1,50. No dia anterior não sabíamos disso, mas como chegamos 12h20, não pagamos essa hora absurda de 8 euros.

Pois é, por incrível que pareça, NÃO erramos o caminho nenhuma vez sequer, então, chegamos no estacionamento às 11h50!!! Pensamos: não vamos pagar a hora absurda, então vamos dar uma voltinha no quarteirão e entramos às 12h00!!! Idéia ótima, se fosse na Paulista, em Nova York, em Brasília, mas não em Firenze!!! Lembrem-se que todas as ruas são confusas e proibidas de circular antes das 19h30, então, adivinhem: chegamos de volta no estacionamento às 12h30 e depois de termos rodado uns 20 km (talvez a hora absurda fosse mais barata…).

Olha o que encontramos no meio do caminho...

Olha o que encontramos no meio do caminho…

Bom, estacionamos e lá fomos nós rumo à Galleria Uffizi comprar ingressos – pensamos em estacionar mais próximo, mas não valia a pena, pois depois pensamos em ir à Galleria della Acaddemia, que fica mais próximo ao mercado. Chegamos lá e tinha uma fila de mais ou menos umas 100 pessoas!!! Olhamos um para o outro e falamos, ahhh, deixa prá lá… é só mais um motivo para voltarmos à Firenze!

Acreditem ou não, não fomos à Uffizi, nem à Acaddemia (o ingresso é vendido no mesmo lugar)! Viajar com crianças tem seus prós e contras… Não tinha a menor condição de ficar naquela fila, próximo à hora do almoço, debaixo de um sol escaldante de 35 graus (sem exageros!) e achar que iríamos entrar no museu e nossas bebês iriam ficar quietinhas, felizes e contentes!!! Imaginem a gritaria e o vexame que seria se resolvêssemos ir…

Galleria Uffizi

Galleria Uffizi

Continuamos nosso trajeto e fomos em direção à Ponte Vecchio, uma ponte medieval sobre o Rio Arno que data da Roma Antiga e hoje é uma peatonal cheia de lojas de jóias e relógios, principalmente ouro e prata. Interessante e com uma vista linda para Firenze e para o rio, mas lotada, inclusive de grupos enormes com guias.

Firenze 15

 

Firenze 17

Firenze 16

Mais um parênteses: não espero visitar nenhum lugar do mundo, principalmente a Europa, em julho, e não encontrar turistas, mas vamos e venhamos, se são turistas, estão em férias (!!!). Então por que são tão apressados e desesperados? Parece que estão sempre prestes a perder o bonde! Não entendo… Claro que não são todos, mas acho que são a maioria ou uma grande parte. Principalmente aqueles que vão em grupos de visitas guiadas, nas quais o guia parece querer mostrar “1000 lugares para conhecer antes de morrer” e todos vão morrer hoje!

A multidão perdendo o bonde...

A multidão perdendo o bonde…

Voltando… Passando a ponte, chega-se ao Palazzo Pitti, uma residência renascentista dos Médici para abrigar grandes duques. Lá dentro, é possível visitar o Giardino di Boboli, um jardim enorme super bem preservado e com uma vista incrível. Subimos a rampa do palácio e na porta de entrada está escrito bilheteria à direita (não entendi muito bem porque a bilheteria não é na porta e além disso, fica há uns 150 metros dela…). Fui até lá enquanto minha mulher e minhas filhas ficaram me esperando na porta.

Palazzo Pitti

Palazzo Pitti

Assim que você chega na fila (com umas 20 pessoas – como tem gente no mundo, não?!?) tem uns 3 ou 4 cartazes dizendo que existem 2 tipos de bilhetes a serem adquiridos, cada qual para visitar lugares distintos do palácio (lá dentro, além do jardim, tem algumas galerias que abrigam museus fixos e mostras itinerantes). O ticket 1 incluía 4 locais (Galeria de Arte Moderna, Apartamentos reais, Galeria Palatina e um outro que não me lembro) – custava 13 euros; e o ticket 2 também incluía 4 locais (Giardino di Boboli – era o que queríamos ver – Museu da Prata, Museu da Porcelana e Galeria dos trajes) e custava 10 euros (criança até 12 anos não paga). Em todos os cartazes estava escrito: escolha o seu ticket ANTES de chegar à bilheteria! Alguma dúvida??? Sim, muitas, porque cada um que chegava para comprar fazia um monte de perguntas que atrasava toda a fila (vai entender…).

Por conta disso, demorei uns 40 minutos na fila (lembrem-se que só tinham umas 20 pessoas na minha frente e TRÊS caixas). Quando cheguei, minha mulher estava com uma cara de desespero por eu ter demorado tanto e sugeriu que fôssemos almoçar antes de entrar. Não fiquei muito feliz com a idéia, pois tinha toda uma programação a seguir, mas ela tinha razão, foi a melhor escolha.

Almoçamos em um restaurante bem em frente ao palácio que, pela localização, até foi barato (27 euros com prato principal e refrigerante – minha mulher comeu um risotto e eu comi carne com melanzane alla parmiggiana – estava bom!).

Firenze 20

Voltamos ao palácio e fomos conhecer a galeria dos trajes. Logo na entrada tem um guarda-volumes e achamos por bem deixar o carrinho todo e levar as bebês no colo. Perguntamos e eles foram super simpáticos dizendo que podíamos deixar nossas coisas lá. Subimos de elevador e visitamos à galeria. Pensei que era um lugar onde eu ia encontrar um monte de trajes renascentistas, mas não é bem isso… Tem um monte de vestidos e acessórios de moda mais modernos (1950, 1980 e até 2010!). Não entendi, mas ok, interessante. Nada demais…

Voltamos, pegamos nosso carrinho e nos dirigimos ao jardim. O palácio estava todo arrumado para uma ópera que ia ter à noite (fiquei com bastante vontade de ir, mas com crianças, nem pensar… fica para quando voltarmos pra conhecer a Uffizi!). Chegamos na entrada do jardim e nos deparamos com uma escadaria de uns 50 degraus (lembram do carrinho???). Olhei para a cara da menina que estava checando os ingressos e, acho que ela vendo minha cara de desespero, disse, não se preocupe, tem um acesso sem escadas (Ufa!). Ela disse que eu teria que ir até o mesmo lugar que eu tinha ido antes, mas antes de entrar na galeria, tinha que virar à direita.

Alguns comentários: como eu ia chegar lá com o carrinho, se tinha um guarda-volumes que guardamos, inclusive, o carrinho? Se eu me lembro bem, antes de chegarmos à galeria, tinha uma escadaria (para baixo) de uns 20 degraus…

Bom, lá fomos nós. Chegamos no guarda-volumes, olhamos para a cara do pessoal e falamos, vamos ao jardim! Eles disseram: ah, pode subir! (dá para entender?!?). Subimos (de elevador) e claro, nos deparamos com a escadaria – tinha uma placa de deficiente físico indicando lugar algum, só a placa (vou fazer um post sobre acessibilidade na Itália). Descemos a escada com o carrinho e chegamos na entrada da galeria… Procuramos o jardim (que era imenso), mas não encontramos nenhuma indicação. O moço que ficava na porta da galeria falou: ah, vocês querem ir ao jardim? É aqui! – e apontou uma porta.

Abrimos a porta e adivinhem: mais uma escada (para baixo) de uns 10 degraus. Depois disso era o jardim!

Conclusão: porque o ser que estava na primeira porta não nos alertou sobre isso e não nos deixou escolher? Segundo: o que faz um deficiente físico para chegar ao jardim? (lembrem-se que tinha placas de acessibilidade em diversos lugares).

O jardim é bem bonito realmente, mas estávamos tão cansados e com tanto calor que resolvemos nos sentar em uma mureta na sombra e deixar as bebês brincarem (nas pedrinhas do chão, pois não pode pisar na grama). Não recomendo ir com um carrinho de bebê, pois além de todo esse processo para entrar, o jardim é CHEIO de escadas em seu interior e não é NADA acessível. Sem carrinho, também acho difícil, pois é MUITO grande lá dentro. Então, caso você insista em ir, faça como eu, ande um pouquinho, pare numa sombra e descanse da loucura e dos turistas de Firenze (lá dentro é bem vazio)!

O pontinho na foto é a Bebê 1 brincando!

O pontinho na foto é a Bebê 1 brincando!

 

Vista do Palazzo pelo Giardino di Boboli

Vista do Palazzo pelo Giardino di Boboli

 

Giardino di Boboli

Giardino di Boboli

Ficamos um tempo e fomos nos dirigindo para a saída. Pensamos, bom, vamos ter que encarar a escadaria agora, pois não queríamos fazer o caminho tosco da ida. Andamos, andamos, andamos e olha só: NENHUM degrau até a saída!

Comentários finais sobre este tópico: por que não indicam a SAÍDA para os deficientes e pessoas que precisam de acessibilidade? Ah, e não pensem que eu errei o caminho. Me certifiquei diversas vezes e com pessoas diferentes, e todas indicavam o mesmo lugar. Chegamos à conclusão de que o único motivo para isso é que na saída não tinha ninguém para olhar o ingresso…

Saindo do jardim, as bebês estavam dormindo (o caminho até a saída é beeeeem longo) e fomos ao Museu da Prata – lá não tem absolutamente nada a ver com prata. É uma galeria itinerante que está expondo peças de alabastro e de cobre, bem bonitas e muito detalhadas. Valeu a pena! Ah! E nenhum degrau!!!

Rumo à saída

Rumo à saída. Sem degraus! Olha a vista ao fundo…

Saímos de lá e voltamos ao hotel (o estacionamento custou 13 euros). Tomamos banho e fomos jantar em um restaurante indicado pela Giuseppina (a dona do hotel). Ela indicou três: Pane i Olio, Perseos ou Edi’s House.

Já tínhamos passado pelo primeiro e achamos meio ruim de ir com as meninas, pois era meio pequeno, então decidimos ir no Perseos, porque vamos e venhamos esse último, com esse nome, não era nada atrativo na Toscana!

Os dois últimos ficavam na mesma rua e andamos a rua INTEIRA e nada do Perseos, só o tal do Edi’s estava lá… Resultado: fomos na casa do Edi!

Inacreditável!!!

Comi uma pizza deliciosa e minha esposa um gnocchi com trufas que estava incrível! Terminamos com um Tiramisú. Bebi um Spritz (aperitivo muito famoso aqui com vinho branco ou Prosecco e Aperol) e minha mulher uma Coca; e ainda pedimos uma água. Tudo isso saiu por 34 euros!!!

Firenze 25

Voltamos felizes e contentes para nossa última noite em Firenze!

Logo mais conto a segunda parte da viagem à Toscana: Pisa, Lucca, Colle di Val d’Elsa, San Gimignano, Volterra e Chianti.

 

Um comentário sobre “Mais um dia em Firenze

  1. As fotos estão ótimas! Deveria tirar algumas das escadarias para seu post sobre acessibilidade…Realmente, nas filas dos museus e afins da Europa, deveria ter uma “mulherzinha tipo mac Donalds”explicando ” cardápio” dos ingressos para agilizar tudo, não acha?

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